quarta-feira, 6 de outubro de 2010

De Brasília Sem as chuvas

De Brasília

Sem as chuvas

Nada de chuva por mais de cem dias.
Os ventos desse tempo brincavam.
Eram quase uma dança, fortes, uivavam, fingiam carregar deuses.
Traziam não sei de onde aquela animação quase assassina.
Empurravam folhas, quebravam galhos, embaraçavam cabelos.
Eram ventos do fogo.
Toda a força que permeia o elemento fogo parecia escancarada nos ventos da época seca.
As queimadas enormes por toda a região centro-oeste ilustraram bem o poder dos ventos do fogo.
Talvez o mesmo vento que assombrou ao meu pai e ao meu irmão, e os fez correr para fechar janelas e varandas, tenha ajudado a queimar 2, 4, 6 km de cerrado.
"O cerrado se protege", disse o Peter ao assistirmos a mais um grande e distante cinturão de fogo.
Os vidros de portas e janelas tremiam com os ventos. Esperei vê-los trincar. Não aconteceu.
Dois meses (ou mais) de ventos violentos, respiração poluída de fuligem, cabelos e roupas com o odor da fumaça; os campos verdes próximos à minha casa com pontos de luz à noite e extensas partes pretas de manhã.
Todo esse período chamou muito a minha atenção. Mas lindo foi assistir ao (que foi para mim) seu encerramento.

Nenhum comentário: