sábado, 26 de junho de 2010

Meu lamento ao que sofre o nordeste

Meu lamento ao que sofre o nordeste

Enquanto o noticiário faz um grande alarde, sem música ao fundo e trechos de vídeos, eu penso. Enquanto a expressão séria, até sincera, aparece no rosto do apresentador do jornal da noite, eu penso. Eu penso: quem será que de verdade está dando atenção aos desastres de Alagoas e Pernambuco?
Fico pensando, na verdade lembrando, de outras catástrofes, ainda desse ano, no estado do Rio de Janeiro. Eram apelos em cima de apelos, verdadeiros e necessários sim, mas com uma carga muito maior de presença. Aquilo nos fazia abrir a boca, involuntariamente e dizer: Como que a gente doa algo? Víamos então os olhos dos afetados, sem casa, de luto, esperando do governo uma resposta e o governo apelava solidariedade.
Talvez seja ignorância ou falta de percepção minha, mas a súplica que vi no olhos dos nordestinos, na tevê da minha casa (muito bem intacta) foi um pedido à Deus. É para Deus que se pede forças, sorte, saúde. Esperteza a mais do sudeste. Hipocrisia de quem vê e deita em inércia depois.
Penso: quantos, como eu, sentiram ímpeto de entrar na tevê, e com uma enxada tirar o barro que enguliu a escola das crianças dali? Acho que poucos. Quantos já tentaram se inscrever na Cruz Vermelha? Acho que poucos. Eu já busquei e não, não é fácil. Erro grave. As pessoas desistem pelas complicações de acesso até uma "inscrição" ou mesmo falta de informação. Abandonei porque sou menor de idade. E depois? Acredito que ideias expontâneas não nos abandonam, deixe essa rondando em mim.
Rezo que Deus e muitos homens ajudem essas pessoas que perderam tudo: moradia, memórias, amores, família. Por muito tempo elas ainda vão respirar o barro do que aconteceu por que as ações governamentais são lentas no nordeste. Mas que na mente deles, o descanso venha logo e que o sono seja leve. Que Deus os proteja.

(23/06/2010)