domingo, 16 de maio de 2010

Rastro de meu leito

Rastro de meu leito

Minhas unhas agora azuis
O fato de eu ser mulher
Minha vista com foco em um enquadramento diferente para escrever
Meu medo de deixar de amar o amar o amor que tenho
A vontade de entender as explicações que me dou
O me encontrar
O não estou
A felicidade que me visita e me confunde
O fato de eu ser mulher
O desejo pelo alguém alheio, alheio a mim, alheio a tudo
As opiniões sem restrito aparente
O rosto limpo e claro antes de dormir
A vontade de chorar agora, até amanhã
Meu espelho opaco de manchas que não limpo
Essa loucura da minha cabeça que pensa que eu posso me bastar
O fato de eu ser mulher
Minha pouca idade
Minhas condições de filha, filha, irmã, amiga
Minha condições de eu, de mim
Minhas paranóias de perder o entender entre os dedos
Essa entrega completamente não entregue ao amor
Que amor? Que o quê? Não sei
O fato de eu ser mulher
Eu, que nunca fumei, mas que pareço disso sentir falta
Em noites assim, sem sono, sem ternura
Ser o quê?