terça-feira, 7 de setembro de 2010

Comum em noites sem frio

Comum em noites sem frio

Li, enquanto esperava o sono, algo que não quis
Li que já não sentia, li em mim
Por todas as noites que esperei o céu cair sobre tudo
Acreditei nos instantes de sorriso
E, sim, eu confiei nas percepções que me cabiam
Afinal, é assim que se toca a si: fingindo crer no que se pensa
Ou não
O caso é que as dúvidas nascidas do ventre das minhas rotinas
Não me pesou
Nem pelo contrário
Talvez daí venha a dor
Toda essa indiferença que sinto com algo meu
E um algo até importante (porque não?)
Não compreendo mesmo isso do meu descontrole
Da falta de anseio, de sonho forte
Todo o meu alimento, de repente, se fez pele
Pele minha, de meu corpo
Para onde fugir agora?
Onde escapar do cílios dos meus pensamentos, que não piscam mais?
E me cansam, não pausam.
Passo a medida que entendo
Cuido e adormeço de preguiça
Viver sem pensar
Esperar o espanto-pai, que cria as mentes
Querer o Querer do que me escrevo
Dormir em branco.

(mai/2010)